A Cientificidade das Ciências Humanas
Em uma das cartas de intenções que enviei durante o processo de admissão para universidades no exterior comecei o texto com a frase: “Fazer História no Brasil é um ato de amor”. Ao longo da série de textos que publicarei no blog irei compartilhar com vocês um pouco do meu ato de amor pela História e para esse primeiro texto, aproveitando um dos temas recorrentes no blog, decidi explorar uma questão complicada, mas muito relevante: a cientificidade das Ciências Humanas. Então, a História é uma ciência?
Tenho certeza que boa parte respondeu “não”, o que faz sentido, mas essa não é a única resposta possível. Posso afirmar que vários responderam não pois atualmente a concepção corrente de ciência tem suas origens no empirismo, inaugurado no século XVII por Francis Bacon. Uma das premissas utilizadas por essa corrente, ainda válida em nossos dias e importante na análise da pergunta proposta, é de que toda ciência pressupõe um método. Mas é a partir daí começam as divergências.
Para Bacon, os sentidos são parte integrante do método científico, é por meio deles que conhecemos o mundo. De acordo com essa perspectiva filosófica ver, ouvir, sentir, cheirar são partes essenciais na produção do conhecimento. Radicais como David Hume, chegam a afirmar que a existência de um ser ou objeto esta condicionada a nossa experiência, que para o conjunto dos autores citados até agora é sinônimo de sentido.
Outro elemento importante dessa corrente de pensamento é a indução. As premissas desse pensamento estão ligadas a observação de um grande numero de fenômenos com objetivo de se identificar uma regra, ou seja, inicia-se de uma caso particular para se estabelecer uma regra geral e é o contrário de dedução, que parte do geral para o particular.
Certamente, não acadêmicos, e mesmo alguns acadêmicos, se perguntados acerca do que é ciência apresentarão algumas dessas características como parte de suas definições. Mas são elas apropriadas? Podem ser replicadas pelas humanidades? Queremos saber a opinião de vocês.