Mobilidade acadêmica em declínio?
No mundo, o número de estudantes que realizam mobilidade acadêmica internacional cresceu significativamente a partir de 1990. Desde 2010, contudo, esse crescimento foi drasticamente reduzido devido, entre outros fatores, ao impacto da crise de 2008. O dado mais recente dá conta de cerca de 5 milhões de estudantes realizando algum tipo de mobilidade internacional. Porém, os primeiros sinais de redução no número de estudantes internacionais já começam a aparecer. Baden-Württemberg, estado alemão já mencionado aqui, observou uma redução de mais de 20% no número de estudantes internacionais desde o anúncio da medida. Nos EUA observou-se redução similar. Em 2017, o Departamento de Estado reduziu em 17% o número de vistos de estudante emitidos em comparação com o ano anterior, uma redução de 40% quando comparado com o pico de 2015 produzindo uma queda no número total de estudantes matriculados em universidades americanas como mostra o gráfico abaixo.
No caso americano, porém, a queda não se deve ao preço das taxas acadêmicas, conhecidamente altas, cobradas pelas universidades. A reconhecida qualidade do sistema de educação superior dos EUA, aliado a oportunidades de financiamento e a possibilidade de permanência após os estudos estão entre os fatores que explicam o crescimento constante até 2015 no número de candidaturas, apesar do custo elevado. Contudo, a redução nas alternativas de financiamento, tanto nos EUA quanto nos países de origem desses estudantes, aliada ao ambiente pouco favorável a permanência desses estudantes em território americano, sobretudo com a eleição de Donald Trump, têm contribuído para afastar estudantes indianos, chineses, sauditas e também brasileiros dos bancos das universidades americanas.
A redução no número de estudantes internacionais preocupa as universidades americanas, sobretudo as que não fazem parte da tradicional Ivy League. Estas tendem a sentir com menos intensidade os efeitos da redução da atratividade dos EUA. As primeiras, porém, tem nos estudantes internacionais uma de suas relevantes fontes de receita a ponto de as quedas no número de estudantes internacionais resultarem em demissão de professores, redução no financiamento atividades esportivas e até ameaça de fechamento de programas. Pesquisas mais recentes sugerem uma redução de 7% em média no número novos estudante internacionais matriculados em universidades americanas em 2017.