Como traçar uma carreira em Direito Internacional?
Sou estudante de direito em Belo Horizonte e estou no 7º período. Participei e ganhei simulações internas de direito internacional e, durante os estudos, me apaixonei pela matéria.
Com isso, estabeleci o foco de fazer um mestrado no exterior nessa área e estou voltando minhas atividades para esse objetivo. Neste ano, participo de iniciação científica e um grupo de estudos para a Jessup Competition.
Por isso, gostaria de saber o que você considera essencial para traçar uma carreira no direito internacional, as habilidades, diferenciais e eventuais dicas.
Obrigada por compartilhar um pouco do seu background comigo. Acho que você está no caminho certo, as oportunidades vão aparecendo na medida que você vai participando de mais coisas.
Se olho para o meu passado, sem dúvidas o investimento que deu maior retorno foi aprender bem línguas estrangeiras:
- Esforce-se para realmente alcançar um nível fluente na língua inglesa, não` apenas o avançado dos cursinhos.
- Dedique-se em paralelo a mais uma ou duas línguas estrangeiras também. Ser poliglota ainda é um asset no mercado de trabalho atual. Escolha uma língua mais simples de dominar (ex. Espanhol/Francês) e uma língua por afinidade (ex. Tem vontade de conhecer a Coreia do Sul? Por que não aprender coreano?) - isso será um diferencial no seu currículo.
Parece um conselho muito simples, mas é o que mais te abrirá portas se você quer internacionalizar a sua carreira.
É dessa maneira que você poderá se candidatar a bolsas (ex. saber alemão para poder concorrer às várias oportunidades do DAAD) e competir num mesmo nível com nativos/outros candidatos internacionais seja no que for.
Em segundo lugar, o que me trouxe resultados profissionais específicos foi delimitar um foco de atuação. Você deve apostar numa linha de estudos/pesquisa/especialização com potencial prospectivo e se dedicar com afinco a isso. Direito Internacional pode ser muitas coisas, então você precisa definir o que é isso para você. Não há espaço para profissionais generalistas. Dizer, por exemplo, que a sua área é Direito Internacional Público não ajuda muito. Utilizar termos amplos “DIP e Direitos Humanos” também não é exatamente um “foco”. Qual é a discussão atual que mais suscita o seu interesse? Fluxos imigratórios? Conflitos armados? Não-proliferação de armas nucleares? Atuação das cortes internacionais? Interação entre atores estatais e não-estatais? Encontre um eixo temático e vá explorando a partir daí. “Mas Agatha, e se eu gosto de tudo/não sei escolher?” - ótimo, estude e leia mais. Algo vai se destacar, e você só descobre isso se aprofundando no levantamento bibliográfico.
Uma vez que você já tenha delimitado o seu foco de atuação, é mais fácil de identificar o que seria o seu Plano A no mercado profissional. O panorama vai fazendo mais sentido quando você vai se engajando na sua área de especialização e fazendo parte dessa comunidade. Um ótimo lugar para ampliar os seus horizontes é a The Hague Academy - lá você conhece estudantes de todo o mundo com perfil similar ao seu; e eles provavelmente serão os seus futuros colegas no meio do Direito Internacional. Além disso, você também entra em contato com pessoas que se tornarão as suas “referências”: ou estudantes que tem mais experiência que você ou professores/experts/profissionais que ganharam bastante reconhecimento no meio e hoje são quem lecionam os cursos de ponta na The Hague Academy. Entendendo melhor o que essas pessoas fazem e como elas chegaram lá1, você pode ver quais são as lacunas na sua formação e estabelecer quais são os próprios passos para você. Ataque uma “deficiência” na sua formação de cada vez e logo você será uma profissional mais bem preparada.
Estabeleça um foco, mas ao mesmo tempo esteja preparada para considerar outras possibilidades e campos de atuação. Isso porque ter um foco não significa esquecer que o mundo é muito mais do que isso; hoje em dia, é necessário que você seja muito boa em uma coisa e também esteja preparada a analisar eventos sob uma ótica multidisciplinar, conciliando várias áreas de conhecimento. O futuro não irá requerer profissionais formados em disciplina X, mas sim pessoas capazes de utilizar diferentes competências para alcançar determinado resultado. Esse já é o presente, na verdade, mas ainda ficamos com uma ideia tradicional de que é a sua “graduação” que vai ditar “o que você vai ser na vida”. Graduação não define nada, são as habilidades que você adquire ao longo do caminho que vão dizer aonde você vai chegar. Não existe uma fórmula pré-definida para isso.
Carreira em Direito Internacional é um conceito muito amplo. O mercado de trabalho tem diversas vertentes - por exemplo, não necessariamente você precisa estar no exterior para trabalhar com Direito Internacional. E por vezes o approach act local, think global é muito bem visto pelas Organizações Internacionais.
O que estudar fora te agrega então para uma carreira em Direito Internacional?
- contatos/networking;
- habilidades que você a princípio não teria no Brasil;
- uma certa resiliência/experiência com problemas multiculturais que por si só te torna uma profissional diferenciada em relação a pessoas que ficam no Brasil;
- “legitima” o seu know-how internacional;
- você coloca o seu domínio da língua estrangeira à prova;
- dependendo da instituição/programa, sim, o diploma pode ser um detalhe elementar para você seguir uma carreira internacional.
Eu não teria conseguido as oportunidades que consegui se eu não tivesse essa “validação” de estudar Direito Internacional no exterior, mas isso não é tudo. Contei mais sobre a minha trajetória acadêmica no Instagram.
O Formação Global pode te ajudar a fazer um plano estratégico para as suas metas acadêmicas e profissionais, em sincronia com o seu objetivo de realizar um mestrado no exterior.
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Observação importante: A trajetória dessas pessoas deve servir como mera inspiração - o sucesso delas reflete uma série de fatores que se encaixaram no passado, e não necessariamente se aplica na trajetória da nova geração de estudantes. ↩︎